domingo, 23 de outubro de 2011

Diário de Viagem: Roma - Capítulo 7

07.09

Você já ouviu falar da máxima do 'Dolce far niente'? 



Sabe, pelo menos, que é uma instituição para os italianos?


Pois bem, é algo tão simples, mas sempre tive muita dificuldade pra explicar exatamente o que era e, mais, qual o propósito daquilo.


Lembra que comentei sobre o hábito que se tem por aqui de ficar reunido em torno de praças, fontes ou escadarias 'fazendo nada'? 






Pois bem, esse é o famoso 'Dolce far niente'!


À primeira vista parece algo tão non-sense, como no poema de Drummond em que se vê a vida passar, assim, quase que impunemente, sem ação...


Pois hoje, na última hora, a bem da verdade, descobri porque se faz isso por aqui.


Estava no hotel aguardando a hora de ir embora e, como tinha mais de uma hora ainda, resolvi ir tomar meus últimos gelatos e café em Roma.


Saí com destino definido, já que bem próximo ao hotel tem duas sorveterias que se tornaram minhas preferidas neste tempo que passei aqui.


Tomei uma rua que descobri hoje cedo, cheia de vida apesar de vazia, e rumei à primeira 'gelateria' pensando na falta que isso ia me fazer, este jeito acalorado e ao mesmo tempo afetuoso, o falar alto e a atenção aos (alguns) detalhes.






Por outro lado, a satisfação de ter tido uma experiência inigualável e a sensação de completude, ainda que a falta que expliquei aí em cima estivesse também presente.


Foi aí que a ficha caiu, ou que o Tico falou com o Teco, e eu percebi que o fazer as coisas devagar, o contemplar as coisas não significa necessariamente ver a vida passar e nada fazer.






Muito pelo contrário, esses momentos de contemplação existem para tentar congelar aquele instante e parece que quanto mais tempo se emprega nisto, mais forte será a lembrança.


É algo como quando se vai à praia e fica-se um tempo observando o vai-e-vem das ondas, independentemente do número de vezes em que você já foi à praia.


E é com essa sensação que deixo a Itália, de seguramente ter muitas histórias pra contar, como as que deixei aqui nestes dias.






Arrivederci!

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Diário de Viagem: Roma - Capítulo 6

06.09

O que fazer em seu último dia de viagem? Não sei se acontece com todo mundo, mas eu normalmente tenho essa dúvida. E aqui em Roma não poderia ser diferente...




Durante o dia ainda tinha algumas coisas novas pra ver, como a Piazza Navona, o Pantheon e as várias ruazinhas e igrejas que existem ali no entorno.






                                                             




Igrejas que são um show aqui em Roma, já que em qualquer uma em que de vá existe uma pintura de Rafael, ou uma escultura de Bernini, quando não é a própria tumba de Rafael, como acontece no Pantheon, uma escultura de Michelangelo aqui ou um afresco de Leonardo acolá.





 




Numa dessas ruazinhas, por exemplo, encontrei hoje um restaurante bem legal chamado 'Bar del Fico'. Acho que fica na Via del Fico, ou no Largo del Fico, mas já não tenho tanta certeza.







O que importa, de novo, é que o ambiente é muito agradável e te transporta para um universo paralelo à loucura da Piazza Navona, cheia de gente e sob o sol escaldante do verão romano.


Já em clima de despedida a ideia é repetir alguns campeões de audiência.


Agora à noite o agraciado foi o Est! Est!! Est!!! Como resistir à tentação de ir embora de Roma e não vir comer a pizza deles de novo?


Amanhã a tentativa é almoçar no 'La Carbonara' (lacarbonara.it) e ver se algo mais me surpreende na cozinha deles.


Bom, é isso! Vou comer minha pizza de gorgonzola e rucula e volto amanhã para o final da saga italiana.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Diário de Viagem: Roma - Capítulo 5

05.09

Dia tranquilo hoje, nada de (muito) novo no roteiro, re-visita à Piazza del Popolo, Via del Corso, Piazza di Spagna e Fontana di Trevi. 








Fora isso, almoço com vista pra Sta. Maria Maggiore, bem perto do hotel pra poder deixar os presentes no quarto antes de continuar a caminhada.






Com isso comecei a pensar sobre o que escreveria hoje.


Falaria sobre o trânsito, que parece tão desorganizado quanto o nosso, mas que tem uma dose de ordem e respeito aos pedestres que literalmente param o trânsito quando colocam o pé na faixa para atravessar a rua?


Ou sobre o (mal) hábito - que nós brasileiros já começamos a abolir - de fumar em todo lugar?


Pensei ainda nas inúmeras fontes de água potável espalhadas por toda a cidade, onde qualquer um pode de refrescar a qualquer momento do dia ou da noite.


Ou sobre o habito que as pessoas tem de ficar em volta das praças e fontes. 


Ou isso. 


Ou aquilo...


Mas nenhum desses temas me pareceu muito palpitante para compartilhar com vocês.


Por sorte criei a rotina de escrever durante o jantar e o de hoje merece referência especial.


Acabo de receber meu prato de 'Pasta al Pistacchio e Pechino' e posso dizer que este talvez seja um dos melhores pratos de macarrão que já comi.


A massa cozida divinamente "al dente". O molho perfeito, à base de pistache e tomates.


E o ambiente merece um comentário à parte.


De fora você não dá nada pro lugar, mas dentro o salão é movimentado e as paredes são cobertas por recados deixados por pessoas de toda parte do mundo que já passaram por ali.


O primeiro ambiente é um bar, com um balcão alto e de onde saem as cervejas e as contas para as mesas.


Logo em frente está o primeiro salão, onde devem caber umas 25 pessoas; no meio um corredor que separa a cozinha de outro salão mais ao fundo.


O dono é casado com uma brasileira, o que se mostra em algumas referências ao Rio de Janeiro tanto no cardápio como nas paredes do restaurante.


Pra dica ficar completa, vale pedir no final o tiramisu da casa. 


Ah sim, anotem também o nome do lugar: Hosteria La Carbonara, aberta desde 1906, e que fica na Via Panisperna (de onde é possível avistar a igreja de Sta. Maria Maggiore) nº214.






E tudo isso a um preço bem barato. 


É passagem obrigatória pra quem vem a Roma!

domingo, 9 de outubro de 2011

Diário de Viagem: Roma - Capítulo 4

04.09

Talvez a coisa que mais me impressionou até agora em Roma foi o Coliseu.


Ontem, antes do jantar, dei uma espichada na caminhada já que a rua da sorveteria (aquela do sorvete de limão e manjericão) cai exatamente na frente do Coliseu.


Fui até lá meio despretensiosamente só pra dar uma olhada mesmo porque era tarde e eu estava morrendo de fome.


É fantástico ver um teatro gigante a céu aberto todo em pedra e que foi construído há milhares de anos, ainda na época do A.C.


A noite bonita, a lua presente e o súbito esquecimento da fome geraram belas fotos e a mudança dos planos fazendo com que hoje eu fizesse a visita completa.






Fica a dica de que o ingresso é válido por dois dias e inclui a visita ao Coliseu e ao Palatino/Foro Romano.







Estes dois últimos são talvez a segunda coisa mais impressionante de Roma. Representam a grandeza do Império Romano e toda essa grandiosidade aparece no tamanho das obras.




O Palatino é um complexo que reúne as residências de imperadores, jardins, estádios para a pratica de esportes, etc. Mas tudo isso é de um tamanho inimaginável para os padrões atuais.






Se você não vem a Roma tão cedo, procure na internet algumas imagens para entender o que eu estou tentando dizer.

=================================================================

A dica culinária de hoje fica por conta de um restaurante africano chamado 'África'. Fica na Via Gaeta nº 26, ao lado das Terme di Diocleziano.


Com ambiente ricamente decorado, te faz lembrar de boas a finas referências  do continente africano.


Como é de cozinha africana, o uso de pimenta é farto, então cuidado! 


Por outro lado, não deixe de experimentar o pão da casa, que normalmente acompanha qualquer prato. 


Parece uma pão árabe, mas a coloração é um pouco mais escura e é mais macio, parecendo uma esponja.


Vale anotar no caderninho e passar por aqui pra matar a saudade ou a curiosidade.

domingo, 2 de outubro de 2011

Diário de Viagem: Roma - Capítulo 3

03.09

Hoje o dia foi menos cansativo que ontem, mas não começou muito bem.


Pra quem conhece o Rio de Janeiro, é como ter chegado na Central do Brasil em obras num dia "meio-útil".

Pois foi assim que me senti ao chegar na estação Roma Termini (aquela mesma da chegada) pra pegar o metrô pra Villa Borghese.

Estação em obras (até parece que são eles a se preparar para a Copa do Mundo ou as Olimpíadas), tapumes para todos os lados, alguma desorganização e pouca informação fora e dentro da estação.

A entrada indicada nos tapumes leva à plataforma da Linha B, a outra, já que eu precisava usar a Linha A.

Lá embaixo, ninguém pra dar informação e eu, de novo, fui perguntado sobre as direções por gente que eu imaginei saber bem mais do que eu.

Finalmente, seguindo um pouco a intuição, um pouco o fluxo de pessoas e as poucas indicações que existiam descobrimos que teríamos que embarcar pela Linha B e andar até a plataforma da Linha A para pegar nosso trem.

O final da linha também não é muito animador... 


Ao descer na estação Spagna e depois de andar bastante lá dentro pra chegar na saída do parque onde fica o museu, a impressão é de abandono total.

A saída da estação dá pra uma parte do parque não muito cuidada e, como era uma manhã de sábado, o lugar estava meio deserto também.








Atravesso o parque e chego à bilheteria do museu para pegar meu ingresso e entrar na Villa. 












A partir daí o que se vê é uma coleção de respeito, a começar pelas pinturas nas paredes e no teto das salas.

A sala de entrada tem um teto magnifico, com uma pintura que deixaria a de muitos museus mundo afora constrangidas. 


Entro na primeira sala à esquerda e voilá, uma sucessão de Caravaggio. Sério, a sala deve ter bem uma meia dúzia de quadros dele. 


Fora isso, o museu ainda tem obras de Rafael e Ticiano, "só" isso!

Mas a grande (e agradável surpresa) fica por conta das esculturas. 


Ainda no primeiro andar na sala que fica exatamente atrás da entrada, um grande número de obras que incluem mesas e bustos em mármore das mais variadas cores, do tradicional branco ao negro, passando ainda por outro em tom de vermelho.

Mas é andando pelas salas que se descobre a habilidade de Gian Lorenzo Bernini, um exímio escultor que tem duas obras primas expostas ali: 'Apolo e Dafne' & 'O Sequestro de Perséfone'.

A visita fica muito bem paga ainda pela bela escultura de Antonio Canova, 'Pauline Borghese' que parece flutuar num colchão de mármore.

Finalmente, o passeio pelo Parco della Villa Borghese, já mais movimentado e cheio de vida fecham com chave de ouro a visita.

 





================================================================



Duas dicas gastronômicas do dia e que mostram que comer na Itália não se limita a pizza e massa.

A primeira é experimentar o 'funghi gratinati' do 'Ristorante Edy', que fica no Vicolo del Babuino, 4. 



 





É simples, entre a Piazza del Popolo (no final do Parco della Villa Borghese, caso queira aproveitar o passeio) e a Piazza di Spagna está a Via del Babuino e a ruazinha do restaurante é uma das primeiras do lado esquerdo (sempre considerando que você está saindo da Piazza del Popolo).

A segunda é mais ousada, mas remete a meus dias de Nigéria, onde experimentei de verdade comida indiana. 


Isso mesmo, todos próximos um ao outro, pude ver três restaurantes indianos em Roma. 


Eles ficam nas ruas 'Via dei Serpenti' e 'Via Cimarra', mas só consegui provar a comida do 'Le Guru', na simpática e escondida Via Cimarra. 






Depois é só chegar na esquina, atravessar a Via dei Serpenti e tomar um belo gelato de 'limone e basilico' numa sorveteria artesanal que existe ali. 








Vale a pena pela combinação diferente de sabores.

sábado, 1 de outubro de 2011

Diário de Viagem: Roma - Capítulo 2

02.09

Descobri talvez a profissão mais ingrata do mundo: guarda da Capella Sistina!

Incrível como em míseros 15 minutos a sensação de quem está lá dentro observando a obra-prima passa de "Que cara chato! Não para de pedir pra não tirar foto, pra ficar quieto..." para "Putz, que povo sem noção, todo mundo tirando foto e falando alto mesmo tendo uma série de placas e avisos por toda parte!".






A Capella é realmente fantástica. Imagine que em pouco tempo que você fica olhado pra cima (e olha que o teto é bem alto) já dá uma dorzinha no pescoço. 


Agora pense na dificuldade de um ser humano em cima de andaimes por vários meses pintado aquilo tudo. 


E o resultado é a mais perfeita perfeição (não consegui evitar a repetição, que não é demais neste caso).





Outra coisa que sempre ouvi é que é preciso percorrer todo o museu, ver todas as salas para então chegar à Capella. 


Não é verdade! 


Existe um atalho por onde se pode rapidamente chegar a ela.

Não que eu tenha feito este caminho rápido, mesmo porque tinha muito para ver em minha primeira visita ao Vaticano, mas há placas e mais placas indicando o 'shortcut'.

Como eu disse acima, tem muita coisa pra ser vista no Vaticano, além da Capella Sistina, que é a cereja do bolo e, neste sentido, até merece ser deixada pro final mesmo.

Mas os Museus do Vaticano (essa é a forma como o complexo é chamado pelos italianos) vão desde uma coleção de selos dos papas até uma exposição dos automóveis usados pelos pontífices, passando por uma sala onde na parede estão desenhados mapas dos mais diversos pontos do planeta (Galleria delle Carte Geografiche). 








Vale passar por ali!

=================================================================

Depois dessa maratona vem o sofrimento - muito ligado à tradição católica - para visitar a Basílica de São Pedro.





Um sol escaldante, uma fila interminável na gigantesca praça construída à frente da igreja e apenas duas máquinas de raio-x para inspecionar todos os visitantes...





Mas o sofrimento é compensado quando se entra na basílica e se vê logo de cara o tamanho da estrutura, viro o olhar pra direita e me deparo com uma multidão tirando fotos da Pietá de Michelangelo, mais ao fundo a estátua de São Pedro e bem em frente o altar e o "cemitério dos papas".


 

 




Na saída tem-se um pouco da noção do que o papa vê quando está no alto da basílica e saúda as milhares de pessoas na praça.

Finalmente, visitar o Vaticano é algo que transcende a fé, eu diria até que a fé fica em segundo plano com as obras de arte tão perfeitas que existem ali.


=================================================================

O jantar foi no Aroma, restaurante "perdido" numa esquininha da Via della Mercede (o nº é 32, pra quem quiser anotar, mas as mesas externas ficam no que seria a continuação da Via del Moretto), bem perto da Piazza di Spagna e da Fontana di Trevi.

As massas caseiras, o molho bem feito e o queijo são o casamento perfeito para quem está com fome e quer uma comida simples e bem feita.

O ambiente é legal (parece que os carros que vem da Via del Moretto vão passar reto e invadir o espaço reservado para as mesas do restaurante) em boa parte criado pela descontração e alegria dos garçons, que trazem a cozinha de casa pra sua mesa.



Google Pesquisa